sexta-feira, 1 de julho de 2011

Sobre quando a ausência é presença


Escrevi esse texto, ele já fez aniversário e eu nunca compartilhei... Aí vai

Ausências

Uma eternidade sem consolo se instalava cada vez que ele ia embora. Eu alongava as despedidas e ele se deixava enveredar em minhas teias. Bastava ele dizer “tchau” para eu começar a sentir aquele vazio abaixo dos pés, que é como certa vez pude definir essas ausências.

O seu sair era um sair sem deixar rastros e eu me perdia no labirinto da racionalidade exacerbada que sugeria ser algo plenamente inconcebível nosso amor. Um amor de contrastes, de paradoxos, de prazeres e colapsos; de céu e de saudade. Um amor de contradições, onde antônimos se “ensinonimavam”. Ausência e presença eram licor do mesmo bombom.

E nosso mundo se congelava diante de nós. A saudade não se acalmava com as idas ao cinema ou o encontro com os amigos no Café. O querer não esfriava com as outras paixões que eu queria acreditar sentir. Escrevia seu nome em Braille e lia diversas vezes para ter a ilusão de poder tocar seu corpo “ponto a ponto”. Eu ensaiava indiferenças para seu retorno, mas via naufragar meus planos quando ele atravessava a porta, sorria e simplesmente me dizia “oi”.

Respiração ofegante, borboletas voando no ventre e um riso que não queria calar. E tudo começava outra vez, no exato ponto onde tínhamos interrompido.

11 de janeiro de 2010

Descrição da imagem: Fotografia onde apareço debruçada em uma grande janela de uma casa antiga, olhando ligeiramente para o lado esquerdo. Ao fundo, a luminária composta por três lâmpadas dá um tom amarelado ao ambiente interno da casa. Em primeiro plano, do lado de fora da casa, em cima de uma mesa de vidro, na altura da janela está um pôster vertical vermelho, com moldura branca e letras amarelas onde se lê: “All you need is Love” [Tradução livre: "Tudo o que você precisa é amor”]. Foto de Bibiane Silva.

10 comentários:

  1. Acho linda sua forma calma de amar. Você é toda linda, d. Pat. Bjo, R.

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  2. O amor é cego e sabe ler braille: "Escrevia seu nome em Braille e lia diversas vezes para ter a ilusão de poder tocar seu corpo “ponto a ponto”"

    Quando a saudade se tornar insuportável, entrarei em contato!

    Bj.

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  3. Edson é um cara de pau incorrigível! kkkkkkkkk

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  4. Lúcia, sinto muito a sua falta. Muito mesmo... Beijos

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  5. PARABÉNS!!! escreva um livro já, me senti flutuando,nas nuvens, é o máximo ler sobre amor.

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  6. É Pat, o amor é meio travesso mesmo. A gente até tentar fingir não sentir na frente do outro, mas acabamos tropeçando no pé de alguma mesa, ainda que nada esteja no caminho. Bjos.

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  7. Nooosssaaaaa... lindo, lindo! Eu escrevi algo sobre o silêncio do retrato...para um antigo amor e tem tudo a ver com essa "presença e ausência". O amor tem códigos que nos são impossíveis de decifrar, apenas sentir... como os dedinhos lendo em braille, né Patie?

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  8. Pat! Quando ele sair, escreva poemas! Perdoe-me,mas vou querer que ele saia algumas vezes.Grande abraço.
    Ignácio

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  9. uau. me vi "ponto a ponto" nesse texto.
    Adorei visitar vc!
    estou por aqui: http://equeroquevocevenhacomigotododia.blogspot.com/

    bjus

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