terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Sobre gavetas, passados e presentes
23 de janeiro de 2010
Hoje, em pleno domingo e sob protesto de minhas irmãs, resolvi fazer uma faxina em minhas gavetas, coisa que me prometo desde dezembro de 2010. Uma caixa de revistas e coisinhas inúteis foi para o lixo e a energia do quarto ficou ainda melhor. Mergulhar nessa atividade tem um efeito terapêutico indiscutível. Estive em contato com as muitas Patrícias que fui e me vi diante das inúmeras Patrícias que ainda posso ser, sem deixar, essencialmente, de ser eu mesma. Ainda estou encantada com a lista do tesouro revelador que encontrei:
1. Um enorme caderno de Princesa, com a Bela de A Bela e a Fera na capa, que meu pai comprou para mim quando entrei na pós-graduação [eu liguei pedindo um bloquinho de anotações – risos];
2. Desenhos lindos que Danielle [minha irmã caçula] e Ruy Carvalho [Liechtenstein de Juazeiro] fazem para mim;
3. Um livro infantil que escrevi e ilustrei à mão em 1999 [A Imaginação];
4. Um monte de fofurinhas desopilantes desenhadas por mim [quando estou calada e com caneta e papel na mão vai sair algo];
5. Números de telefone soltos em post-its já sem cola;
6. Provas com notas máximas, através das quais eu me vingava de professores carrascos que achavam que só eles seriam capazes de responder àquelas questões [prazerzinho mundano e medíocre, né? Estou melhorando – risos]
7. Conversinhas poéticas com Bruno Guimarães [colega de faculdade muito odiado pelos meninos e por parte das meninas, só porque era bonito, inteligente, mauricinho até o osso - diga-se de passagem - e muito seletivo no quesito “mulher”. Ficávamos, nas aulas, trocando bilhetinhos onde ele escrevia seus poemas e eu emitia meu parecer];
8. Rascunhos manuscritos de projetos meus que minha ex-chefe assumia a autoria;
9. Jornais nos quais apareci;
10. “Clipagens” de citações geniais de Danielle quando tinha 3 anos de vida;
11. Contra-cheques [eu já ganhei mal pra caramba!!!];
12. Anotações que fiz numa palestra de Damário da Cruz;
13. Aviso prévio [nunca conseguiram me demitir de fato – risos];
14. Agenda Cultural com Chico Buarque na capa [ele estava lindo demais!! Confiram: março/2007];
15. Poema que escrevi para Chico Buarque em 2004 e só Lícia Beltrão leu;
16. Cifras de músicas que eu “tirei de ouvido” e anotei em folhas avulsas;
17. Rabiscos e mais rabiscos;
18. Desenhos geniais de Eduardo Santana, um ex-aluno que tem deficiência visual;
19. Lista dos aprovados em Letras [A Tarde/2001];
20. Letras de música de amores dolorosos que eu trocava com um jamaicano chamado Kingsley que fazia intercâmbio na mesma faculdade que eu [nossa diversão era imaginar histórias para aquelas letras tão dramáticas];
21. Esboço de palestras que eu ministrava quando tinha 21 anos e abominava datashow [gente! Eu falava igual a adulto! – risos];
22. Meu discurso de formatura do Magistério em 1999 [reli e chorei lembrando de mais de 1800 pessoas gritando meu nome “Pa-trí-cia!!! Pa-trí-cia!!!” levando meu pai ao delírio de tanto orgulho];
23. Uma charge que fiz criticando o Brazil e o Brasil;
24. Um contrato que uma faculdade particular fez comigo para eu dar aula em uma pós-graduação em Santo Amaro;
25. Revistas e apostilas sobre inclusão [como eu li/leio, como eu estudei/estudo, vivi/vivo e convivi/convivo para saber o que hoje sai tão facilmente e parece tão banal para certos ouvidos];
26. Declarações de afeto de meus mestres em vistos de provas [Jaciete, Orlando, Lícia, Bob nunca deixaram uma resposta minha passar sem um carinho revelado por uma caneta Bic]...
Tranqueiras relativas a ex-namorados foram omitidas da lista, porque não gosto de homenagens póstumas [risos]. Revirar gavetas reais e metafóricas pode ser bom, mas continuo achando que o tempo Presente não tem esse nome à toa. Hoje é sempre o melhor dia...
Descrição da imagem: Em um bastão de madeira estão fixadas 3 placas, também de madeira, onde se lêem, em cada uma delas, as inscrições "Future", "Past" e "Present". Estão apontando para direções aleatórias. Foto daqui
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Feliz é o homem q te tem hoje! Quem será o felizardo q está merecendo sua voz rouquinha no ouvido e esses olhinhos carinhosos?
ResponderExcluirArrumar gavetas é uma catarse emocional, eu tambem fico adiando mais quando acontece é uma verdadeira limpeza energética.
ResponderExcluirBjo Pati
Este é um exercício que faço pelo menos tres vezes ao ano. Chego a ser viciada em revolver gavetas, caixas, armários etc.. muito mais materiais que metafóricos!!! Não imaginei esta característica em você, menina, poeta, "sonhalista" rsrs(sonhadora + realista), os códigos de matemática não me abandonam. Senti sua falta no Braile.Ósculos exponenciais para vc. Fica com DEUS. Clêuza
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